(URBI)CIDADES
RA V - SOBRADINHO/DF
CONSOLIDAÇÃO DA POLIGONAL
A poligonal foi consolidada e determinamos as áreas de prováveis intervenções e os lotes de interesse para atuação, bem como as áreas de influência dessas intervenções.
PASSEIOS E CALÇADAS
Os passeios e calçadas sinalizados ao lado em amarelo são escassos apesar da vasta oferta de espaços livres e verdes na poligonal escolhida.
Na visita in loco foi possível constatar que mesmo as calçadas e passeios existentes encontram-se em condições ruins, tant em virtude de deterioração como em virtude de ocupação irregular dos espaços, dificultando o caminhar e até mesmo o acesso às zonas comerciais e residenciais
LOTES - LUOS (LEI DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO)
A poligonal definida conta com uma variedade de uso dos lotes, são elas: uso residencial, uso comercial, uso institucional - áreas especiais, uso institucional - equipamento público, uso comercial - zona comercial e hoteleira, uso comercial - zona comercial e residencial, uso institucional - zona de esporte, lazer e área verde.
Essa variedade de usos pressupõe uma área de fluxos distintos em relação aos meios de deslocamentos (veículos, bicicletas, pedestres, motocicletas, ônibus).
Cada área possui uma regulamentação em relação ao uso e ocupação que esta determinado na tabela abaixo.
TIPOS DE LOTES
RO 1 (subcategoria da UOS II - Residencial Obrigatório) - obriga o uso residencial, na categoria habitação unifamiliar, sendo facultado, simultaneamente, o uso não residencial com atividade econômica realizada no âmbito doméstico, não sendo autorizado o acesso independente
INST EP (UOS IX - Institucional Equipamento Público) - lotes em que devem ser desenvolvidas atividades inerentes às políticas públicas setoriais, constituindo lote de propriedade do poder público que abrigue, de forma simultânea ou não, equipamentos urbanos ou comunitários;
INST AE5 (UOS VIII - Institucional) - lotes em que se é permitido exclusivamente o uso institucional público ou privado
UE 13 (Unidade Específica 13) - lotes ou áreas públicas que não se enquadram nas definições das UOS, sendo, portanto, consideradas situações específicas. O número 13 se refere às UEs destinadas a estádios, instalações esportivas e vilas olímpicas.
CSIIR 2 COM/RES (subcategoria da UOS III - Comercial, Prestação de Serviços, Institucional, Industrial e Residencial) - lotes localizados em áreas de maior acessibilidade dos núcleos urbanos, em vias de atividades, centros e subcentros e em que são obrigatórios os usos comercial, prestação de serviços, institucional e industrial, simultaneamente ou não, e admitido o uso residencial desde que este não ocorra voltado para o logradouro público no nível de circulação de pedestres
CSIIR 2 COM/HOTELEIRO (subcategoria da UOS III - Comercial, Prestação de Serviços, Institucional, Industrial e Residencial) - lotes localizados em áreas de maior acessibilidade dos núcleos urbanos, em vias de atividades, centros e subcentros e em que são obrigatórios os usos comercial, prestação de serviços, institucional e industrial, simultaneamente ou não, e admitido o uso residencial desde que este não ocorra voltado para o logradouro público no nível de circulação de pedestres
CSII COM (subcategoria da UOS III - Comercial, Prestação de Serviços, Institucional e Industrial) - lotes localizados em áreas de maior acessibilidade dos núcleos urbanos, em vias de atividades, centros e subcentros, nos quais são permitidos, simultaneamente ou não, os usos comercial, prestação de serviços, institucional e industrial, sendo proibido o uso residencial
INTERESSE DE INTERVENÇÃO
Após definição de poligonal, o mapa a seguir pontua os espaços com interesse de intervenção, divididos em lotes com registro na LUOS, lotes vazios, segundo a LUOS e vias públicas para circulação veicular.
PROJETO DE REFERÊNCIA
Feirinha da Beira-mar de Fortaleza - CE
Fortaleza, cidade localizada no Estado do Ceará, vem passando nos últimos anos por importantes transformações urbanísticas a fim de encontrar alternativas para o aumento constante da frota de veículos que, segundo dados do IPECE, dobrou entre os anos de 2000 e 2010, impactando fortemente na mobilidade urbana. O esforços são para gerar espaços aos transportes coletivos e favorecer a possibilidade de caminhada. Por se tratar de uma cidade cuja economia gira em torno, predominantemente, do turismo as áreas de intervenções mais recentes estão localizadas em zonas privilegiadas. Entretanto, o fluxo de usuários locais dessa região tem aumentado gradativamente a partir do incremento de locais públicos para lazer e prática de esportes livres. A feirinha da beira mar é um espaço confluente entre o acesso turístico e local para a região, além de ser uma referência para outros locais.
PROJETO
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Arquiteta: Marina Notthingham
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Ano: 2022
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Área: 8.405,51 m² de área de intervenção
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3.033,25 m² de área construída de quiosques.
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Execução: Secretaria Municipal de Infraestrutura de Fortaleza - CE
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Programa:
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Feira de artesanatos (712 boxes)
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Sede da associação dos feirantes
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Espaço para caixa eletrônico
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Espaço para centros de medição que comportem todos os medidores (individualizados para cada box).
CONCEITO
A necessidade de melhor acomodação da Feira de Artesanatos da beira mar de Fortaleza, que existe há mais de 30 anos, se deu após a readequação do calçadão e do aterramento de faixa de mar próxima ao calçadão. A estrutura anterior era toda em ferro e lona, desmontável e muito frágil, o que não comunicava com a zona onde estava inserida, a qual passava por um processo de readequação para atendimento de necessidades de mobilidade, lazer e economia. Portanto, o conceito do projeto traz a permeabilidade com facilitação do deslocamento entre as áreas de calçadão e praia e do fluxo de turistas por toda a orla.
PARTIDO
O partido do projeto teve como premissa a adequação do uso às condições climáticas às quais estavam impostos os trabalhadores, frequentadores e consumidores da feira. O conceito assegura a utilização de formas e elementos que remetam à cultura local, como a cobertura tensionada com função de prolongar a área de sombreamento e não impedir a circulação do vendo para os boxes e que lembra o movimento das velas das conhecidas jangadas que circulam pelo mar da região. Conceito básico utilizado no projeto diz respeito à permeabilidade física já que se trata de área à beira-mar.
BLOCO PADRÃO
Ao lado temos a planta baixa dos blocos de boxes. São 53 blocos como estes, que acomodam os mais de 700 boxes (de 2m x 2m) que atendem os feirantes e as outras demandas do programa de necessidades.
VISTAS
As vistas do projeto mostram as possibilidades e flexibilidade de caminhar pela feira bem como o detalhe cobertura acima dos boxes. Na vista transversal as aberturas fazem conexão entre os calçadões (via-praia). Na longitudinal as aberturas favorecem o fluxo de pedestres no sentido do calçadão.
CORTES
Os cortes demonstram a similaridade entre os espaços disponibilizados aos feirantes e detalhes estruturais que facilitam o entendimento do projeto. É possível verificar a divisão interna do conjuntos de boxes com sistema de ventilação, fechamento frontal (placas de aço perfuradas) e estrutura de forro (forro + camada de ar + cobertura em telha) que favorece o conforto térmico dentro dos boxes. Percebe-se também o comportamento da cobertura e sua movimentação.
IMPACTOS
Segundo a Agência ECO NORDESTE a readequação urbana da Avenida Beira Mar, principalmente com o aterramento de faixas de até 120m de mar no percurso da avenida, gera grandes impactos ambientais não só para a fauna e flora da área específica mas também para as praias adjacentes como: alteração da qualidade da água, risco de alteração da qualidade da água quanto a contaminantes, mudança da área de alimentação e reprodução de espécies, alterações na diversidade biológica, dentre outros.
Por estar localizado na zona de maior impacto turístico da cidade, o local é privilegiado do ponto de vista de investimentos por parte do estado a fim de fomentar a atividade primordial. Entretanto, segundo Cardoso (2023), as atividades características do turismo contribuem muito mais para as questões econômicas e sociais do que culturais e ambientais. Demonstrando que os gastos públicos, em grandes montantes e às vezes sem continuidade e inclusão da comunidade, têm beneficiado aos grandes empresários do turismo e/ou reforçando o fosso entre ricos e pobres locais, e ainda prejudicando o meio ambiente, modificando-o e interferindo, muitas vezes de forma
irreversível, para ganhos e lucros de turistas e empresários em detrimentos de outros atores.